quinta-feira, 19 de julho de 2012

Enquanto eu dormia a máquina gravava.


Ao longo desta semana as postagens do blog serão direcionadas ao conteúdo matriz do mesmo. Ai sempre tem alguém pra perguntar: como assim tio, conteúdo matriz?
- Sim pimpolhos; música, cinema, escritos e escritores,política, cultura , filosofia de boteco e  aproveitando que estamos em ano eleitoral atentem, eu prometo se seguido for que ainda esta semana falaremos aqui sobre bebidas e pub.





Sem mais delongas o assunto de hoje é cinema. C e si, n enem, m ama.

Pensam vocês que o cinema é apenas um roteiro interpretado por atores? A resposta não fornecerei, pois a pergunta foi direcionada a vocês e não a mim, se quiserem responder nos comentários fiquem a vontade, afinal, mi blog es su blog. Entretanto como eu sou alguém que se contradiz vamos passear um pouco por esse universo e quem sabe eu responda.
A origem da 7ª arte, o cinema, remonta ao ano de 1895 quando da primeira demonstração pública de um aparelho revolucionário, em uma sala chamada Eden na França. Este invento era o cinematógrafo, diz-se que foi criado pelos Irmãos Lumière. Em verdade o cinematógrafo é apenas um aperfeiçoamento do cinetoscópio, inventado pela empresa de Thomas Edison. Dizem ainda as más línguas e disso o mundo está cheio, que o cinematógrafo dos Lumière teria sido mesmo inventado pelo francês Léon Bouly que havia perdido a patente e que esta teria sido adquirida pelos irmãos Lumière.
Entretanto, penso que pouco nos importe esses detalhes mesquinhos de traição e de calúnia; afinal, o que é a história senão a escrita de carrascos que se sobrepõem uns sobre os outros. Contudo, voltemos ao nosso assunto, não nos percamos caros leitores, icem as velas, levantem as âncoras, desfaçam as amarras, segurem o leme com força, assim não, assim!
Agora que bailamos um pouco por entre a história podemos valsar com a ébria força da fantasia, e foi ai caro leitor, que em uma exibição de um dos pequeninos filmes-documentários dos irmãos Lumière, o ilusionista, também francês, Georges Méliès, sentiu o sentimento mais primitivo do humano, o mesmo sentimento que arrebatara Eva, a cobiça. Méliès pretendia usar a engenhosa máquina em suas sessões públicas do Théatre Robert Houdin, em Paris, entretanto, os Lumière recusaram-se a vendê-lo. August Lumière sempre afirmou que “sua criança” não se destinava a fins comerciais.
Vocês devem estar se perguntando, meus lógicos e anti-sentimentais colegas de mesa, onde mora a fantasia nisso tudo; e eu lhes digo, ela mora em algum lugar dos neurônios e da carne surrealista de Georges Méliès, gravem este nome.
             O ilusionista ainda abobalhado com o que se colocava viaja então à Londres, onde consegue adquirir aparelho semelhante, o qual o mesmo ainda adapta à suas necessidades. Para que se tenha noção do que foi esse homem para o colossal mundo cinematográfico, Chaplin o chamava de “Alquimista da luz”, quanto que David Llewelyn Wark Griffith, um dos maiores cineastas estadunidenses, afirmava com veemência que a Méliès devia tudo. 
             Georges Méliès era ator, produtor, fotógrafo, figurinista, diretor, ilusionista e desenhista; criou ainda técnicas de efeitos especiais inovadores para a época, como fantasmas transparentes e multiplicação de atores e de cabeças que eram lançadas ao ar. Ele não apenas inova quanto às técnicas, mas também, quanto ao estilo, onde abandona o documentário e formula a ficção científica. Enquanto escrevo, minha mente fervilha, imaginem minha cabeça cortada um pouco acima da testa, como laranja descascada e repuxada para trás, onde aparece um pouco do cérebro envolto em pura fumaça.
             Para que eu possa responder sobre a interrogação elencada no início desta conversa, pois para com vocês eu não escrevo, eu dialogo, assistamos a uma obra prima como todas as outras deste ilustre.  

Com vocês, de Georges Méliès, Le voyage dans la Lune:





                Agora eu posso manifestar minha opinião (risos), como se eu não manifestasse desde meu primeiro grito na maternidade, ah! mamãe é que me entende.
                Claramente o cinema não é apenas um roteiro interpretado por atores, isso é tão moderno, se vocês soubessem como é - agora sabem. O cinema foi criado porque o homem sonha. Sigam meu delírio; muitas vezes quando acordamos, temos ainda um resquício de memória do sonho, porém, passado algum tempo isso se esvai. O cinema nasce para representar esse sonho. Na primeira postagem deste blog menciono que apenas palavras nunca conseguirão representar o imaginável em sua totalidade, surge então à captação de imagens; não é mágico, isso de você poder representar seu sonho, mostrá-lo aos demais? Eu fico embasbaco com isso, sério.
Todavia, Pensamos terminar essa conversa explicitando que a mercadologia é uma praga, mas claro que não terminamos, pois espero seus comentários. Prestem atenção, não durmam, já esta quase no fim, pois minha garganta esta seca de tanto falar. Seus sonhos hodiernamente além de serem vendidos, são escritos para vender; são mal feitos, pois não há preocupação alguma por uma grande maioria de roteiristas de que um roteiro tenha conteúdo onírico, conteúdo realmente sentimental. O cinema deixou de ser uma arte em totalidade, para se tornar um fragmento pseudo-artístico, falo com lágrimas nos olhos, pois não há nada mais belo do que sonhar e poder sonhar de novo.


Antonio Ximenes Carvalho:
Antonio Ximenes Carvalho Autor do Blog, Poeta, Contista, Bibliófilo, Cinéfilo, Apaixonado por Música, Bacharelando do Curso de Direito da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Filósofo de Boteco. Antonio Ximenes figura como um jovem em exponencial intelectualidade.

5 comentários

Anderson Wandeberg disse...

O post realmente ficou muito interessante. Gostaria de compartilhar uma cena de um dos primeiros filmes surrealistas da história do cinema: Un Perro Andaluz. Essa cena é bem interessante, especialmente pelo ano do filme. Vale a pena conferir. Aí está o link - bit.ly/aHfmuv . Abç.

Unknown disse...

Anderson muito obrigado pelo comentário. Irei assistir a este filme que você indicou.

Ronaldo Aragão disse...

Muito bom texto Ximenes, parabéns pela iniciativa, sempre que possível estarei por aqui. Creio que tu viu Hugo esses dias hein? hahaha Abraço;

Angélica Fontes disse...

Esse filme comentado pelo Anderson, trata-se de um filme surealista mesmo, dirigido por um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos Luis Buñuel,e tem roteiro também de Salvador Dalí. O filme não tem muito o que entender, se procuarar muita compreensão, talvez voce não viaje na loucura dos dois, ou seja, o próprio Buñuel disse que os dois iam pondo no filme tudo o que vinha na cabeça deles, por isso é bom termos um distanciamento crítico para podermos entrar na ideia. É uma obra prima, deve ser assistido com disposição, tem cenas chocantes, principalmente a do "olho cortado"...Enfim, todo bom cinéfilo deve ve-lo um dia!!!
Um forte abraço,
PS: AINDA TO ESPERANDO VC SEGUIR O CAFÉ, TÁ?!
Angélica fontes

Unknown disse...

Meu caro Ronaldo é um prazer tê-lo como seguidor deste fragmento de minha mente. E sim, assisti a invenção de Hugo Cabret a mais ou menos um mês, ótimo filme, só que eu já conhecia Georges Méliès antes, possuo em média 20 filmes do mesmo, não possuindo mais pela grande dificuldade em encontrá-los, haja vista muitos terem sido perdidos. Quanto a você Angélica Fontes, já estou seguindo avidamente seu blog, não comecei ontem porque a pagina não estava carregando. Em breve quando melhorarem meus conhecimentos sobre blog, e nisso espero que você me ajude, pretendo exibir Café com Letras como indicação na minha página.
No mais, só tenho a agradecer pelo carinho, pela ajuda e pelo compartilhamento que tem guiado a MusicariaBarcoteca em menos de 1 semana a mais de 100 visualizações diárias.

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