Depois de tanto tempo sem
postar confesso que a saudade de vocês é imensa, e a criatividade com tanto cansaço também o
é. No entanto, trago-lhes hoje um presente disfarçado de entrevista, que na
verdade é a conversa de amigos e escritores que se conheceram em um ônibus
rumo à cidade de Fortaleza no ano de 2007. Esse trecho parece os sucos do Chaves eu sei.
Antonio diz:
-
Como foi o desenrolar do seu processo literário?
Mailson Furtado diz:
Olha
tudo começou com a música por volta dos anos de 2003, 2004,
quando
de fato começou a explosão de minha adolescência. Legião Urbana foi minha
grande influência.
Antonio diz:
Tinha
qual idade essa época?
Mailson Furtado diz:
Doze, treze anos, quando
ouvi as letras de Renato Manfredini Jr. (- O Renato Russo), disse para mim
mesmo que queria escrever algo do tipo, e de fato comecei a querer escrever
músicas, o problema é que não sabia tocar nenhum instrumento e tudo ficava mais
difícil de apresentar a alguém. Em 2005 comecei a escrever alguns textos
filosóficos bem diferentes do que escrevo atualmente, mas com características
de certo modo poéticas, embora fossem em prosa. Era algo bastante amador e meio
que como desabafos de adolescente. Justamente nesse período conheci a arte do
teatro e entrei pra minha primeira companhia de teatro, ainda em 2005 o grupo
veio por findar.
Em
2006 escrevi minha primeira peça, intitulada Loteria 2 2 2, e montei minha
companhia teatral através de um projeto do Grêmio estudantil da escola,
o
qual fui membro. Muito importante nesse período também foi a minha turma de
amigos, haja vista que como a cidade de Varjota é muito pequena e ainda mais
uma cidade do interior cearense, era difícil encontrar jovens que gostassem de
Rock (Meu ritmo preferido), Filosofia, Política; então tínhamos essa turma e
todas as noites, ou a maioria delas nos reuníamos para discutir os mais
diversos temas que se possa imaginar. Artes, em si, era o principal tema e
talvez por isso eu tenha crescido tanto como artista. Hoje grande parte dos
membros da turma citada fazem teatro ou fizeram parte da minha companhia, alguns
são poetas, escritores enfim, pessoas de grande intelectualidade (considero), diferentes de outros jovens
que infelizmente são alienados e que passam os dias assistindo BBB e outras
porcarias.
Um
momento importante dessa turma foi um manifesto que fizemos, no ano de 2006, buscando
um secretário de cultura pra cidade e um plano de políticas publicas para a juventude,
através da cultura e do esporte, isso em plena feira publica da cidade e também
em frente à câmara municipal e prefeitura. Manifesto esse, feito todo com
apresentações artísticas teatro, dança, roda de violão, roda de samba, roda de
capoeira, enfim, foi um grande marco e com dois meses do acontecido o novo
secretário estava nomeado, já que o anterior, e um dos motivos do protesto foi
que o anterior estava empossado por conta de ligação política e no atual
momento trabalhava no Rio de Janeiro como taxista, o que nos levou a grande
indignação.
A
partir do momento em que fundei a minha companhia comecei a escrever sem parar,
escrevia quase sempre algo relacionado ao teatro em si, até por que minha
companhia dependia e depende ainda de meus textos. Assim, concebo-o como o
primeiro gênero ao qual consegui me destacar. Concomitantemente a isso aqueles
textos que eram filosóficos começaram a se transformar em poesia, isso por
volta de 2007, já que tinha perdido o "brilho" por escrever musicas,
posto que não podia mostrar elas a ninguém, pois não sabia colocar a melodia
nelas, aí comecei a escrever poemas e um grande marco que me fez crescer demais
nessa vida como poeta foi uma palestra que fui ministrar na Universidade
Estadual Vale do Acaraú em 2007, com quinze, dezesseis anos, os professores da
disciplina de Literatura Cearense do oitavo e ultimo período do curso de Letras
pediram aos seus alunos que trouxessem escritores de suas cidades, já que
muitos dos alunos da turma eram de cidades distintas, foi aí que uma aluna de
Varjota que eu nem conhecia na época soube do meu trabalho e me convidou, eu
não tinha a noção do que seria, mas mesmo assim fui, sabia unicamente que tinha
que apresentar o meu trabalho literário, apresentei então todo meu trabalho,
fui super aplaudido pela turma inteira e ainda por professores com título de doutores em letras.
Uma frase que um deles me disse me marcou muito: "Pode colocar em seu
curriculim, você hoje com 15 anos ministrou aula para dois doutores e para
alunos formandos em Letras, na sua idade eu não sabia nem falar direito ainda,
parabéns". Isso me motivou de tal forma que a partir daí não parei mais de
escrever, principalmente poesia, logo depois daquele período escrevi aqueles dois
caderninhos que tu conhece, isso em menos de um ano, mais de 400 poemas, depois
não parei mais.
O
período entre 2005 e 2007, foi muito produtivo, foram os anos de meu alicerce
intelectual. Esse texto aqui, fala um pouco da turma que te falei:
Fotos da turma:
Mailson
Furtado diz:
Gostaria de citar um nome importante
Antonio
diz:
O espaço é todo seu, fique à vontade.
Mailson
Furtado diz:
A pessoa se mencionada chama-se Demis Santana,
ele foi, e é o meu pai das artes, foi o cara que me ensinou a não desistir de
nada. O Demis é paulista, mas de corrida por todo o nordeste, hoje reside em
Maceió, é cordelista, ator, músico e pedagogo, passou 6 meses em Varjota, de
julho de 2006 até dezembro de 2006 e foi fundamental para que a companhia se
formasse, sendo ainda responsável por nos ajudar no protesto, embora a idéia
tenha sido nossa precisávamos da autorização dele e ele disse: “Vocês demoraram
a fazer isso”. Enfim, é pai de todos nós que nascíamos para a arte naquele
momento.
Antonio
diz:
Quais são suas influências?
Mailson
Furtado diz:
Bem como te falei a mais gigante de todas
chama-se Renato Manfredini Jr., sendo também a primeira de todas. A partir dele
vieram as outras, tanto na música, quanto na literatura, como no teatro. Uma
grande influência que tenho é de Paulo Leminski com a poesia concreta, sendo Clarice
Lispector a minha musa no que diz respeito à prosa, e uma das grandes
influências da minha curta carreira em prosa; gosto bastante da simplicidade de
Drummond e da docilidade de Cecília nos versos, penso trazer muito deles pra
minha escrita, além de Chico Buarque e Patativa.
Na Dramaturgia nunca me inspirei em ninguém
pra escrever, tenho um estilo que considero meu, embora cite o gênio Roberto
Bolaños como o principal de todos.
Na música, vieram depois Chico Buarque,
Beatles,Bob Dylan, Pink Floyd, Queen, isso apesar de gostar muito de Folk, apesar de ser um dos principais estilos que ouço, como ser público me
inspiro muito em Lennon, gosto muito da história do Herbert de Sousa, o Betinho,
ele me marcou bastante e claro: Cazuza, Raul, Herbert Vianna, Leoni; Além de
mestres da cultura nordestina como Luiz Gonzaga, Chico Science, Zé Ramalho,
Belchior e Raimundo Fagner.
Como pode ver sou muito ligado a música. Por
isso sou tão crítico quanto aos estilos ouvidos por grande parte da população,
essas letras pornofônicas,
fico extremamente incomodado, por que foi a
partir da musica que cresci como pessoa e tenho certeza que outras pessoas
poderiam crescer também. Mas enfim, essa é uma questão muito ampla e que
depende de vários fatores, no entanto acredito que o Brasil é o país do Futuro,
de um futuro bem próximo, e que estamos começando a desfrutar dessas coisas
desse futuro, muito embora não percebamos tanto. Acho que é isso.
Antonio
diz:
Eu mesmo vejo o cenário cult crescendo muito
nesta última década no Brasil, talvez o compartilhamento que a internet mais
acessível tenha trazido, pois hoje é muito fácil e barato se conectar, esteja
influenciando nesse processo.
Vamos à próxima pergunta?
Mailson
Furtado diz:
Sim.
Antonio
diz:
Definir é sempre um ato perigoso meu caro,
pois determina algo e o finda em conceitos, no entanto como você define sua poesia?
Mailson
Furtado diz:
Instantânea. Essa é a palavra. Sai pelo
instante e quando quer sair. Quanto a escola, a que maior influencia é com
certeza a Moderna, mas vario bastante. Como pode ver na minha obra há textos
introspectos, quadras e por fim concretos, é uma mistura muito grande, embora
diga que use muito da simplicidade, mas de fato é algo difícil demais de
definir.
Antonio
diz:
Primeira
obra de cunho literário que leu?
Mailson
Furtado diz:
Acho que foi a biografia do John Lennon.
Antonio
diz:
Pô cara você está de brincadeira, só falta
dizer que o nome do livro é o Jovem Lennon, foi a primeira obra que eu li
também.
Mailson
Furtado diz: (rindo)
Esse mesmo, mas não tenho certeza que ele foi
o primeiro, ou foi ele ou foi a Luneta Mágica do Joaquim Manoel de Macedo.
Antonio
diz:
Ótimo livro esse último, já li, viajei muito
com ele, não sei por que, mas ele me lembra Kafka.
Mailson
Furtado diz:
Já li ele umas 10 vezes, é o q mais gosto do
Romantismo, apesar de não gostar tanto da escola.
Antonio
diz:
É certo, e digo por experiência própria, que o
escritor nunca tem apenas um
livro favorito, então conte para nós, sedentos de curiosidade seus
cinco livros preferidos.
Mailson
Furtado diz:
Difícil também, deixa eu pensar aqui; da
Clarice, gosto dos contos de Felicidade Cladestina. Um outro livro e que mudou
minha vida foi um que li de Augusto Boal, Jogos para atores e não-atores, ele é
de teatro, e fala sobre o teatro do Oprimido. Cito ainda a Luneta Mágica e talvez
O Cortiço, Agatha Christie também é uma ótima pedida, gosto bastante dela.
Antonio
diz:
Você busca agradar alguém com sua literatura?
Mailson
Furtado diz:
Nunca pensei nisso, mas de fato preciso da
opinião de pessoas que entendam de literatura pra dizer se algo é bom ou ruim,
no entanto a primeira coisa que faço é olhar se eu gosto ou não, nunca me
preocupei tanto com a crítica, embora ela seja importante.
Antonio
diz:
Aproveitando o gancho da pergunta anterior,
você também vê as academias literárias (como eu as vejo, não em completude
claro), como entes falecidos formados por demagogos, que muitas vezes estão lá
por laços de parentesco e/ou econômicos e não pela qualidade do seu texto, até
mesmo por que a maioria é uma cópia desmedida que ultrapassa os limites da
mimese?
Mailson
Furtado diz:
Concordo com você. De fato uma das minhas
metas como literato é de ingressar em Academias
Antonio
diz:
Minha meta também é essa, mas não por esse
meio acima descrito que é repudiável por qualquer um que tenha um mínimo de
preocupação artística e social.
Mailson
Furtado diz:
Embora não conheça tantas e não tenha
pesquisado, sei que dentro delas há dessas questões, até por que a maioria delas
foram criadas a partir de um grupo intelectual ou não, formado de amigos, dessa
forma, cada instituição possui os seus estatutos e regulamentos que dispõem de
modos de ingresso particulares. Muito embora, seja lamentável que existam
membros de Academias Literárias que não possuem nem sequer uma obra publicada.
Antonio
diz:
Literatura é arte ou literatura é conexão
mental de necessidade humana?
Mailson
Furtado diz:
Vou defini-la assim: Pro escritor/poeta a
literatura é conexão mental de sua necessidade humana, para o leitor é arte,
que pode vir a ser conexão também, embora para mim, não haja essa preocupação
de se estou fazendo arte ou não.
Antonio
diz:
Como eu você concorda que 99% esforço, 1%
transpiração, como queria João Cabral de Melo Neto é falácia?
Mailson
Furtado diz:
Concordo. Responderei isso com um poema meu.
INSPIRAÇÃO
(Mailson Furtado)
Só por inspiração;
não existia poesia.
Fazendo-se um grande esforço
é que se consegue tudo todo dia.
Pois como o sol,
a mente fica coberta,
e mesmo o sol coberto,
energia lança, aquecendo até o inferno.
Sem grandes obrigações,
não lhe dará preocupações.
Se esperar momento certo,
fosse à certeza da perfeição;
fazer tudo pensando duas vezes,
em certas vezes,
aconteceria um atraso, confusão.
E como tudo em certas vezes
melhor está a situação,
é talvez nesses momentos
que venha a tal da inspiração.
Antonio
diz:
A maior parte da literatura nacional hodierna
para este que vos fala é uma merda, ou seja, restos do que o corpo não quer e
elimina. Entretanto, o importante não é o que eu penso e sim o q você pensa
caro escritor. Logo, como você entende o cenário literário brasileiro e
principalmente o cearense?
Mailson
Furtado diz:
Rapaz esse é um problema, logo o que o
público quer ler são coisas que deturpam a inteligência humana, assim vem o
papel das editoras, até por que elas não podem sair no prejuízo e assim se
interessam apenas por tais "obras" como Surfistinha.
Com certeza temos boas obras publicadas,
embora venha a questão cultural nacional de não valorização de tais produções,
mas sim de coisas fúteis, como sexo e coisas surreais, as quais não gosto tanto,
embora não possua nada contra. Quanto aos escritores, há escritores bons claro,
no entanto os que fazem sucesso, os que de fato são best-sellers, são ruins. Também
não gosto,
mas é o que o público gosta.
Antonio
diz:
O que te perturba atualmente?
Mailson
Furtado diz:
Em que sentido?
Antonio
diz:
Como pessoa, quanto a questão social, vida
pessoal e por aí vai.
Mailson
Furtado diz:
Uma das grandes coisas é a questão da
não-valorização da arte e cultura na sociedade atual, tida apenas como ente
coadjuvante na formação da sociedade, este é um pensamento que não suporto. Essa
questão talvez seja a que mais me toque socialmente e como pessoa, até por que
estou bastante ligado a essa área.
É incrível a situação: você inicia
determinado projeto, o apresenta a várias pessoas, ai quando vai atrás de
apoio, seja através do poder público, instituição, o NÃO é a única resposta a
ser ouvida, se era pra dá um NÃO, por que veio me dizer que o projeto era fantástico?
Como ouvi muitas vezes.
Antonio
diz:
Por que as pessoas são hipócritas e não possuem
vínculo social altruísta.
Mailson
Furtado diz:
Outras coisas como corrupção embora não me
pertubem, me incomodam.
Antonio
diz:
E o sonho cara, o q você busca nessa vida? Fora
ser feliz claro.
Mailson
Furtado diz:
Entrar pra História! Deixar meu nome por aí; claro
que de forma boa, entrar numa academia de letras, ter minhas obras estudadas, esse
é o que tenho, o mesmo do Raul Seixas (risos).
Tenho o sonho de construir meu teatro aqui
também, tenho o projeto pronto, contudo isso já entra no outro sonho que é o
mais amplo de todos.
Antonio
diz:
Por que é tão difícil escrever algo original?
Mailson
Furtado diz:
Escrever algo original é difícil por que
depende acho do que se convencionou chamar de “dom”. Acredito nisso de uma hora
pra outra você é escolhido e cai dos ceús uma ideia na sua cabeça, só o que
resta é você montar uma personalidade, ter algo seu sabe?
Antonio
diz:
Engraçado, comigo acontece desse mesmo jeito,
dá uma coisa sei lá, elevação do espírito como o queria Platão; e você pega uma
caneta, detalhe só escrevo com caneta preta, e de repente você está no chão com
um caderno, quase em êxtase, parecido com o “nirvana”, e quando termina olha e
diz assim: eu que escrevi isso?
Mailson Furtado diz:
Isso
aí. “Baixa o Santo" como se diz.
Antonio diz:
Vamos à próxima pergunta.
Como escritor, sei que nossa mente é mais fantasiosa, mais perceptiva
ao simples, e que o simples se torna robusto quase colossal. A pergunta é o
seguinte, como é sua mente, desenhe-a através de palavras, metáforas, ou do que
precisar.
Mailson Furtado diz:
Minha
mente é meio gigante demais (risos)
Antonio diz:
Quando
você vê uma flor imagina ela brotando e desenhos nas
nuvens não parecem degraus onde os deuses sambam?
Mailson Furtado diz:
Pois é, a
gente enxerga nas coisas mais simples o que os outros vêem. É o subjetivismo
nato que todo poeta possui.
Antonio diz:
Deixa eu te explicar melhor a pergunta, tipo a pergunta é mais uma
forma de te pedir pra desenhar isso pra quem não vê dessa forma, uma forma de
explicar a vida ao teu modo e também por que poxa, para mim como poeta e ser
lúdico, conhecer a mente de outro poeta é a coisa mais linda do mundo.
Mailson Furtado diz:
Tenho uma
frase que diz:
O poeta
consegue enxergar numa gota d'água um oceano com infindos mistérios a
registrar. Fiquei sem palavras aqui (risos). Explicar a vida é meio complicado,
às vezes é algo tão grande, e as vezes é tão pequeno, quando estamos só com nós
mesmos.
Enfim, a vida
depende da gente, afinal somos verdadeiras metamorfoses ambulantes e a vida é
simplesmente o desenho que fazemos de todas nossas ações a cada segundo é como
um livro embora só possamos escrever um, e ler apenas uma vez, seria isso?
Antonio diz:
É difícil elaborar uma pergunta que contenha o teor do que eu
quero, entretanto o que te peço é mais um desenho mesmo de como teu cérebro
funciona, tipo quando você vê uma coisa como ela te parece e tal, como as
coisas te afetam
com mais intensidade?
Mailson Furtado diz:
Entendo
agora, bem, isso depende do momento, do sentimento que temos naquele instante, quando
falo disso, lembro sempre de uma laranjeira presente do lado da minha janela do
quarto.
Antonio diz:
Tipo “Meu Pé de Laranja Lima”(risos)
Mailson Furtado diz:
Eu a vejo
tipo como uma protetora que me assiste enquanto durmo, enquanto vivo por aqui.
Mailson
Furtado diz:
É um dos
poemas que mais gosto. Sempre me emociono ao ler
Antonio
diz:
Cara já pensou se todo mundo que lesse algo visse as coisas como a
gente vê? Tipo, eu vi a laranjeira nascendo enquanto lia sabe, vi você correndo
ao lado, vi um galho dela te protegendo, tu olhando pela janela e coisa e tal.
Antonio
diz:
A vida fica mais linda não é?
Mailson Furado diz:
Claro. Bem mais linda.
Antonio diz:
Fala um pouco sobre o Sortimento – poesias e poemas, metas com
ele, dificuldades, processo, o que ele representa pra ti, prêmios, âmbito internacional
da tua obra?
Mailson Furtado diz:
Bem, como você
sabe ele estava pronto desde 2008, então foi nesse período que comecei a
peregrinação por patrocínio. Quatro anos sem obter sucesso com isso, o projeto
foi se reformulando e foi ganhando a forma que ficou na sua publicação; por
ganhar tantos nãos, tanto de prefeituras, universidades e empresários comecei a
acreditar que o que escrevia não era tão bom
como
acreditava de inicio, até que recebi um grande incentivo moral de amigos como do
também escritor José Luiz Lira (saudoso professor deste que entrevista), e
Gilmara farias, escritora varjotense, elogiando meus escritos
e me
incentivando a não desistir. Assim em poucos meses consegui juntar a quantia
que precisaria para publicação com a ajuda principal de minha namorada Yane
Cordeiro e do meu amigo, o vereador Auricélio Bertoldo, assim veio a publicação
com uma grande noite de homenagens e tudo mais. Era um sonho! E foi concretizado.
Com certeza uma das minhas grandes conquistas
junto de
minha companhia de teatro. A Meta inicial era bem mais a realização pessoal, mas
com ele, ganhei elogios de pessoas e personalidades de várias instâncias. Publicações
em blogs, jornais, imprensa escrita e entrevistas em radio.
Antonio diz:
Teve algo internacional não teve? Publicação em Portugal se não me
engano.
Mailson Furtado diz:
Quanto a
Portugal não se trata do Sortimento, sempre participo de concursos literários e
já consegui algumas publicações em revistas e jornais literários.
A história é
a seguinte, em 2010 havia mandado um material para Portugal, para o concurso
literário Cancioneiro e em 2012 saiu o resultado, haja vista que o prêmio
ocorre de quatro em quatro anos, acontecendo a publicação em uma antologia chamada
de Rimar é remar e distribuída a todos os países de língua portuguesa do Mundo,
esse que é um concurso organizado pelo Instituto Piaget e Universidade de
Almada. Ganhei também com o Sortimento o título de Mérito Cultural de Varjota,
expedido pela Prefeitura e Secretaria de Cultura Local. O primeiro a ganhar tal
título, fiquei muito feliz por tal prêmio.Meu blog IMPROVISOS, ano passado
ficou entre os 100 melhores blogs de cultura do país, segundo o prêmio TOP BLOG,
o maior concurso de blogs do país.
Depois da
publicação de Sortimento, sempre sou convidado a ministrar palestras em escolas
e projetos sociais apresentando as minhas experiências.
Antonio diz:
Impressionante tua carreira, projetos futuros?
Mailson Furtado diz:
Obrigado
cara!
Formação em
Odontologia em 2014, e na literatura tenho planos de uma obra por ano, até
mesmo por que tenho material suficiente para os próximos cinco, seis, sete
anos.
O 1º é o
CONTO A CONTO, como você sabe, e que já está pronto, no entanto estou no
processo de arrecadação de recursos, que sem duvida alguma é a fase mais
difícil de todas. Ele é um conjunto de contos e crônicas sendo o meu 1º trabalho
em prosa, apresenta os mais diversos temas que falam muito de mim e de minha
vida.
- Confira o projeto de captação de recursos:
Para 2014,
tenho um segundo livro de poesias, intitulado Auto-discurso, também
praticamente pronto com capa e tudo. O Auto-discurso é uma obra muito parecida
com o Sortimento, muito embora ele seja mais introspecto e fale mais de mim do
que o Sortimento, daí até o nome.
Em 2015
planejo publicar um coletânea de peças, se não uma coletânea, apenas uma
chamada COM DINHEIRO NA CABEÇA, NA ALEGRIA OU NA TRISTEZA que foi um espetáculo
montado por meu grupo em 2008 e em 2016 virá um dos meus grandes projetos
dentro da literatura, que é um projeto histórico que trata sobre as manifestações
da cidade de Varjota, desde sua gênese até hodiernamente, esse projeto que já
esta em andamento com as pesquisas em campo, é um projeto em parceria com um
amigo meu historiador, Erasmo Porta Voz. Nos próximos anos não cheguei a pensar
ainda.
Antonio Ximenes diz:
Fala
um pouco sobre você como dramaturgo e como compositor?
Mailson Furtado diz:
A
maioria de minhas peças, falam de uma ironia ao sistema capitalista
Loteria
2 2 2, Ninguém me ama, somente ela, A riqueza de uma quase madame, Com dinheiro
na cabeça, na alegria ou na tristeza.
Tenho
formação em princípios básicos de teatro e um currículo de vinte e sete
trabalhos, que vão desde esquetes, até espetáculos e curtas. Além de ministrar
oficinas vez por outra.
Como
compositor vem muito a questão do poeta, que se confunde um pouco; meu estilo é
Folk, gosto de um violãozinho. Basicamente isso.
No mais, a MusicariaBarcoteca na
figura de Antonio Ximenes Carvalho agradece toda a disponibilidade e o carinho do
amigo Mailson Furtado Viana que veio a agraciar-nos com um pouco do seu
intelecto e de sua arte numa entrevista ímpar e especialmente plural. Não tenho
palavras para expressar o sentimento de gratidão ao meu caro amigo. Lembramos ainda que o livro "Sortimento - poesias e poemas" de Mailson Furtado está a venda, encomendas: mailog10@hotmail.com.